Feb
2010
Velho
Velho. É o que eu sou, o que eu sempre fui. E um velho traquinas, daqueles que aprontam, sacaneiam, ensinam coisas pervertidas e dão aquele sorrisinho inocente que varre qualquer desconfiança.
Nunca fui do meu tempo, nunca fui do meu lugar. Meu tempo e meu lugar estão aqui dentro, só meus, de mais ninguém, são meu nome secreto, meu mundo particular, minha inspiração. O que compartilho é só parte do espólio tirado deste mundo perdido, sem dono, que eu quero para mim, quero seduzir, dançar com ele.
Não sei, não encontrei a graça de tantas piadas, mas fiz tantas graças de coisas sonsas.
Nasci velho não para recusar prazeres de uma juventude nunca vivida, porque, por não ser vivida sempre esteve latente, sempre esteve aqui, nunca esteve no tempo, sempre foi eterna, nasci velho para saber que não sei de nada, que tudo é uma grande mentira, que a verdade, fatos e certezas são tão sólidas quanto o vento, tão imutáveis como uma flor.
Nasci velho para ser jovem.