Eu rio de coisa séria, me apaixono por deuses e danço em funerais.
Acho comédias tediantes e acho as estrelas muito mais bonitas que os fogos de artifÃcio.
Eu gosto de pensar sobre o lado escuro da lua, gosto de sentir o vento gelado passando pela minha pele.
Violo a privacidade do olhar, perturbo a tranquilidade dos lábios e bagunço os cabelos.
Eu sou poesia, música e dança.
Eu sou os medos alheios, os desejos e prazeres escondidos.
Eu não sou paz, sou a tempestade que lava o mundo e a traz.
Muitas filosofias colocam o Desejo como grande inimigo da Verdade, da chamada “evolução espiritual”.
Eu sempre achei que o Desejo era fundamental, é o combustÃvel para a movimentação. Mas lendo mais, vivenciando mais, experimentanto e conversando… acho que entendo que o Desejo, como paixão, como luxúria, como O Diabo do Tarot, é diferente do prazer.
O Desejo cega.
Já é muito dito que vemos o que queremos ver, nosso cérebro fantasia toda uma realidade ignorando tudo que não se encaixa nela, baseada no Desejo. O Desejo de ser centro, de ser sempre senhor, nos faz ver quem nos questiona como inimigo, como amoral, como monstro a ser derrotado.
Então, sob o efeito do Desejo, tentamos matar todos que questionam nossa fantasia… E derrotados surtamos, o mundo cai, as máscaras desabam, as companhias se tornam insuportáveis – mas antes disso tudo ficamos irritados: “como eu pude estar errado?” – então as verdades vêm, mentimos, manipulamos, destruÃmos e enganamos para manter essa fantasia.
O Desejo aà é uma máscara contra a Verdade, é a Fantasia.
Vemos o que desejamos.
Quem não deseja vê a Verdade.
Eu não quero mais acreditar que as oportunidades são perfeitas, meus amigos absolutamente confiáveis, meus sonhos realizáveis, eu desejo não desejar.
“Meu distúrbio, não diagnosticado pelos mais renomados especialistas, não aceito pelos filósofos e religiosos, torna insuportável a minha vida. Todos à minha volta temem a morte, eu temo o nascimento. Devo explicar a minha situação, porque não tenho amigos que saibam dela e pretendo terminar a minha vida de uma forma que me seja familiar […]