Retrospectiva 2008

Janeiro

Só o otimismo, vontade de crescer na MZ, sonhos pra um projeto que parecia que tinha tudo pra dar certo.

Fevereiro

Bônus na MZ, estava entre os colaboradores com maior desempenho no semestre, meu departamento bombando e eu era responsável pelas aprsentações, minha vida era um sonho.

Março

Caí da cama, comecei o mês me apaixonando por quem não devia, mas mesmo assim eu tentei. Tentei por três meses. Começaram as frustações na MZ, problemas de comunicação, virei noites trabalhando, não recebi nada além de críticas… queria férias, não aguentava mais, e não consegui, meu desempenho caiu.

Abril

Meu mundo de perfeição desfalecia, amigos eu já tinha bem poucos, quem era mais próximo começou a me confundir mais, criticando como eu era, que eu não era mais o mesmo… Minha paixonite continuava frustada, eu continuava ali, mais problemas no trabalho.

Maio

Meu mundo caiu. O emprego ganhou o status de insuportável na minha vida, consegui “férias” de três dias emendadas com algum feriado, fui pra Curitiba, tomei dois canos de três pessoas que eu conhecia na cidade, minha gastrite fez meu estômago explodir. Decidi pedir demissão, mas também decidi esperar mais.

Junho

Desisti da minha paixão de março. E em junho fica o que eu considero o meu “ano novo”, a minha época de repensar a vida. E eu repensei. Passei a sair menos com quem me fazia sentir mal com o que eu era naquele momento, fiz novos amigos, decidi frequentar um círculo que meus entãoamigos sempre criticavam e me surpreendi, conheci muita gente nova, conheci um mundo novo. Eu vi cor na vida de novo. Reencontrei antigos amigos.

Julho

Pedi demissão, ganhei o bônus de novo e foi decepcionante. O elevador caiu uns quatro andares comigo dentro, foi bem traumatizante. Foi o começo de um relacionamento. Viajei. Descansei. Gastei fortunas com remédios contra gastrite.

Agosto

Mais fortuna com gastrite. Foi o mês que mais fui pro cinema, foi o mês que mais saí. Novos amigos,nova agenda, nova vida, tudo parecia perfeito e lindo. E eu descansei. Minha paixonice de outono voltou como amizade.

Setembro

O prenúncio de uma tempestade. “Vomitei” coisas engolidas há muito tempo, o relacionamento virou namoro, algumas amizades se confundiram. Eu fiquei confuso… Foi o começo da primavera, eu comecei a tentar ser livre.

Outubro

Torres caíram. Namoro terminou. O descanso acabou, voltei a trabalhar, mas em casa. Amizades fortes se abalaram, talvez eu tenha me equivocado. Aprendi lições inestimáveis. Lancei o Agenda Pagã.

Novembro

Novos amigos. Ritual. Celebração. Os laços se afrouxaram, o espaço cresceu, eu tive espaço pra abrir as minhas asas e meus espinhos. Tive mais decepções, por elas e por elas serem confundidas com raiva, fui mal interpretado, fiquei chateado.

Dezembro

Tudo ficou óbvio. Novos trabalhos, novas perspectivas. Novos círculos de amigos. Saudade de alguns antigos. Últimos dias do ano sozinho em casa, está sendo ótimo pra mim.

Geral

Esse ano foi dolorido, cheio de traumas, de decepções. Mas a isso sempre se seguiu felicidade, superação e um gostinho de liberdade. Foi um ano pra eu treinar minha ousadia, pra eu experimentar da minha essência e viver como eu gosto, sem me preocupar em agradar os outros, sem viver em função dos outros. Meu 2008 se resumiu na primavera… mas eu ainda quero ver meu verão, ainda quero saber o que me aguarda no outono.

Das minhas metas segui quase nenhuma. Por isso desde a primavera eu tenho metas (ou perspectivas) por estações.

Se eu tivesse que escolher uma música pra 2008 seria Declare Independance, da Björk. (eu me lembro do show dela ainda, lembro dela encerrando com essa música)

Ou a Journey to the Underworld, de Sigur Rós, em trilha para o filme islandês Angels of the Universe.

Sobre A Jornada do Escritor

Escrevi este texto em Agosto mas não coloquei aqui no blog. Coloco pra depois desenvolver mais sobre o assunto.

Um desabafo

Deixa eu desabafar um pouco.

Eu detesto domingos, e o natal pra mim parece um “super domingo”, sentiram a força do meu sentimento pelo natal?

Mas ok. Não é isso que anda me chateando mais. Porque eu passo pelo natal como passo por todos os domingos do ano, ignoro. Eu simplesmente não levo a sério nada que eu sinto em domingos, minhas “emices” e carências, minhas saudades, minhas vontades… ignoro, como se não fosse meu.

Mas… esses dias eu ando bem chateado com certas amizades. Não que são pessoas que não estão vivendo como eu queria que vivessem, talvez seja o contrário, gente que se chateou comigo porque eu não quero seus valores e seus ideais pra mim. Eu não posso seguir esses conselhos insanos, disfarçados de bom senso, que eu tentei uma vez e só me levaram a um abismo… que eu não conheci o fundo porque “aprendi a voar” antes de chegar lá.

Resultado da minha aparente negligência? As pessoas se magoam, vão embora.

Mas eu entendo. Só faço que não. Um dia eu aprendi que entender os motivos do outro não nos obriga a perdoar. É realmente uma carga pesada perdoar a todos, para mim soa como carregar pessoas nas costas. Eu prefiro passar alguns dias chateado do que levar uma pessoa nas costas a vida inteira, ou até ser “enforcado” porque não ando rápido o suficiente.

Eu falo perdoar no sentido de fingir que nada aconteceu. Não guardo mágoa, mas me afasto pra me preservar de uma nova ferida.

Não é divertido ser visto como “grande amigo”, “conselheiro” e “única pessoa que poderia me ajudar neste momento”, cargas muito pesadas. Às vezes eu penso que quero ser a “sombra”, aquele sozinho ali no canto, é muito mais leve viver daquele jeito.

Uma amiga um dia sumiu, ficou incontactável, mas eu insisti e consegui falar com ela. Ela só me disse que precisava ficar sozinha como precisava de comida. Cada dia eu entendo isso mais e mais, já estou quase no ponto de dizer isso sobre mim.

Daí preciso aprender a diferenciar amigo de assistenciado.

Que vocês tenham um ótimo natal, um bom fim de ano e um bom começo. Mas pra mim essas datas não são nada, a data especial pra mim é outra.

Vênus

Venus abdicans
cognatum Neptunum
Venit applicans
Bacchum oportunum.
Quem dea pre cunctis amplexatur unum
Quia tristem spernit et ieiunum.

Eu conheci Corvus Corax (veja no LastFM) pela Luciáurea, ela me mostrou uma música a Vênus, e eu me apaixonei, ela está no youtube também e eu recomendo ouví-la.

Quando fecho os olhos ouvindo a música me vejo dançando uma dança circular,  em volta de uma estátua enorme de Vênus, sinto como se estivesse com pra própria deusa, eu entendo isso como uma verdadeira experiência religiosa, sentir alguma divindade conosco, seja ela qual for.

Pessalmente prefiro os deuses nórdicos, a energia deles, o humor deles, o universo e a linguagem deles, não gosto também de misturar… mas essa música é linda, a experiência é divina.

O texto em latim é a letra da música, alguém traduziu assim:

Venus, repudiando seu parente Netuno, vem trazendo Baco apropriadamente atrás de si. A deusa o abraça antes de todos os outros, porque ele despreza a sombria abstnência.

As associações com a mitologia grega são Vênus-Afrodite, Netuno-Poseidon, Baco-Dionísio.

Vênus nasceu de dentro uma concha de madrepérola, gerada pelas espumas do mar. É a beleza. Os romanos se consideravam descendentes dela e Camões a coloca como apoiante dos navegantes portugueses.

Do verão sem fim

O mundo estava quente e pessoas morriam de fome, sede e doenças do calor. Era um verão interminável.

Mas a natureza sabe se adaptar e sobreviver, então nasceu um menino que sabia trazer o frio, ele foi o controle. E por anos o mundo foi novamente um lugar agradável de se viver.

O menino cresceu, se tornou um adolescente, e o adolescente se tornou um homem. E esse homem se sentiu sozinho, o gelo dominou seu coração. Ninguém lhe oferecia o calor do carinho: temiam a volta do verão.

Ele se cansou, gelo por gelo, sozinho entre vivos ou mortos, e congelou o mundo, num inverno sem fim.

Pra sempres…

Eu me lembro de muita coisa que minha professora de Antropologia da Unesp dizia, ela adorava falar de Alteridade e Morin, se vestia de um jeito muito diferente, com saias enormes, colares cheios de penas, sementes e um cabelo enorme. Eu adorava as aulas dela, e disso eu sinto falta.

Uma vez ela disse que nunca teve um filho porque filhos são coisas que se levam para sempre, ela não queria nenhum laço para sempre.

Também penso naquela visão que nascemos e reencarnamos, sempre saldando débitos ou créditos de vidas passadas. Visão que eu não gosto, inclusive, e não consigo “encaixar” isso em uma visão oriental original, só como um “erro de tradução”, ou “transição de cultura”, um equívoco. Mas eu não opino mais que isso, não estudo cultura oriental.

Eu sempre gostei de usar meu nome junto com palavras como “vento” e “espírito livre”. Eu concordo com a professora, não gosto de nada prometido para sempre.

Não penso que seja irresponsabilidade. Como vou prometer um amor eterno? Como vou prometer uma amizade plena e cheia de confiança se eu mudo, se o outro muda?

O que eu procuro é não trair a minha essência, não trair o meu caminho. Ande comigo quem está no mesmo caminho agora, e vamos aproveitar, até que tenhamos que nos separar. A vida também é separações, e isto não é triste, é parte de nossa história.



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13
Dec
2010

Daniel E.

“Meu distúrbio, não diagnosticado pelos mais renomados especialistas, não aceito pelos filósofos e religiosos, torna insuportável a minha vida. Todos à minha volta temem a morte, eu temo o nascimento. Devo explicar a minha situação, porque não tenho amigos que saibam dela e pretendo terminar a minha vida de uma forma que me seja familiar […]

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