Elfenlied

O original é em alemão, em que Elf e Eleven são a mesma palavra: Elfe.

O poema é de Eduard Mörike.

At night in the village the watchman cried “Elf!” (english meaning “eleven”)
A very small elf was asleep in the wood –
just around the eleven! –
And he thinks that the nightingale
must have called him by name from the valley,
or Silpelit might have sent for him.
So the elf rubs his eyes,
comes out of his snail-shell house,
and is like a drunken man,
his nap was not finished;
and he hobbles down, tip tap,
through the hazel wood into the valley,
slips right up to the wall;
there sits the glow-worm, light on light.
“What are those bright windows?
There must be a wedding inside;
the little people are sitting at the feast,
and fooling around in the ballroom.
So I’ll just take a peep in!”
Shame! he hits his head on hard stone!
Well, elf, had enough, have you?
Cuckoo! Cuckoo!

O verão

O verão chegou!

Nas eddas, os poemas que registram a mitologia escandinava, o verão é descrito como “amado por todos”, e depois que conheci o verão escandinavo eu entendi. =P

O verão é uma delícia, lá.

Mas enfim, seria um pecado esquecer essa data. =)

Feliz verão a todos, que ele traga bons frutos!

Receita do sucesso

Sempre dizem que pra alcançar o sucesso você tem que ser talentoso. E pra ser feliz no amor tem que ser bonito, se quiser sair pegando todo mundo, que seja muito bonito.

Não sei de tiraram essa moral, mais furada que uma peneira.

Dê exemplo de alguém que pega todo mundo que seja O padrão de beleza? E alguém me mostre alguém que se destaque SÓ com o seu talento?

E pode até parecer um post rancoroso, mas não é. Eu gosto como as coisas se desenvolvem, gosto de ver que nem sempre os melhores se dão bem, que tem muita coisa aleatória no caminho de todo mundo. Soa mais divertido.

Imagine como seria o mundo se toda pessoa que estudasse e se dedicasse conseguisse conquistar tudo o que quer? BORING!

Sucesso vem pra quem faz os contatos certos, quem está no lugar certo na hora certa, e às vezes o lugar é um sofá.

É a vida.

E eu gosto da vida.

nasrudin: Harmonia

Nasrudin e a esposa tinham um convício muito harmônico. Quase nunca brigavam e eram vistos sempre felizes.

Seu vizinho um dia o procurou, pois vivia em discórdia com sua mulher.

– Nasrudin, você e sua esposa são amigos e estão sempre em paz. Eu, por outro lado, vivo em conflito com a minha mulher e já não sei o que fazer. O que você faz para estar em paz com a sua? – perguntou o vizinho.

– Muito simples – disse o mulá. – Simplesmente combinamos que eu cuido dos assuntos grandes e importantes e ela cuida dos assuntos menores.

– Como assim? O que são os assuntos maiores e os assuntos menores? – indagou o vizinho.

– Bem, ela resolve onde iremos morar, em qual escola as crianças irão estudar, onde passaremos as férias, como gastaremos nosso dinheiro, essas coisas. Por minha vez, me ocupo das influências dos anjos em nossas vidas, como os planetas estão nos afetando e qual é o futuro da humanidade.

“Ele sempre desejou ver ursos polares mas tinha medo do frio.”

Snu

Um dia estava olhando uma imagem, não sei ainda seu autor, e decidi tentar escrever um conto. Eu o considero meu primeiro conto. Hoje eu o reescrevi. Mas eu quero manter os dois comigo, talvez um dia reescreva de novo, e de novo.

O conto fala da eternidade, para mim.

Snu é uma mulher simples, vive em um mundo igualmente simples.

Sem sol ou estrelas, sem lua ou continentes, um mundo de ruínas alagadas, imensas colunas aparecendo aqui e ali, como brotando do oceano estático. O único movimento é das bolhas fosforescentes que saltam do oceano para o céu, elas brilham azul, dando ao horizonte uma cor especial.

Snu dança em seu lugar, não existe nada para medir o tempo, então tudo é eternidade, tudo é sempre igual, ela dança, brinca com as bolhas que pode alcançar, tenta juntá-las, torná-las maiores, às vezes as estoura e assiste a chuva de minúsculas gotículas luminosas.

Ela não tem nada além disso, não veste roupas, não tem objetos, não tem um espelho, é sozinha.

Tenta cantar, mas não tem palavras porque não precisa inventá-las, não há para quem dizer.

Um dia – ou não, não um dia, já que é sempre o mesmo momento, a mesma eternidade – uma bolha com mais brilho sai do oceano, ela sobe tão lentamente e se aproxima cada vez mais de Snu, ela, ansiosa, senta-se para ficar mais perto. Quando ela sobe mais e está à altura de seu rosto ela estende a mão, quase tocando a bolha, e se levanta lentamente – ou rapidamente, não sabemos como era o tempo, é tudo eternidade.

Quando quase já lhe passa a altura que podia alcançar ela toca a bolha.

A bolha estourou.

A chuva de gotículas brilhantes foi tão mais brilhante que o usual…

Snu se admirou mais, tentou recolher um pouco daquele líquido brilhante tão escasso, ela se atirou tentando recolher o máximo que podia, encheu a mão com duas ou três gotas. Oh, era tanto mais do que conseguiu antes!

Mas perdeu o equilíbrio, seus pés escorregaram, tinha que soltar o líquido e agarrar-se. Não, não ousaria derramar o tão precioso líquido.

Snu era uma mulher simples, vivia em um mundo igualmente simples.

Caiu no oceano, e como nunca antes esteve nele, não tentou nadar, não prendeu a respiração. Era a eternidade, não aprendeu os instintos básicos de sobrevivência, não precisou deles antes na simplicidade de seu mundo.

E afundou, sentiu a pressão do mar, como um abraço. Assistiu o líquido de sua mão se dissolver, enquanto sua visão se turvou.

Vazio

Quero viver sem certezas, não quero as estradas e os caminhos certos, não quero verdades inegáveis, não quero fatos frios. Não quero ser atacado pelo parasita chamado Verdade.

Quero a beleza de mitos, o benefício da dúvida, a liberdade da escolha. Não quero provas. Quero fatores para somar novas possibilidades.

Se tenho uma certeza o caminho é triste, quero acabar com ela. Certezas machucam, limitam, enfraquecem.

Ainda chego no imprevisível, flutuante, no vácuo, no nada. Quero sentir medo, e amar o medo. Não quero valores, não quero éticas, não quero julgamentos. Não quero me importar.

Quero ser vento, sendo porque movimento, morrendo ao parar, mas renascendo em seguida.

nasrudin: O Presságio

O rei estava de mau humor. Quando saía do palácio para caçar, esbarrou com Nasrudin.

– É um mau presságio ver um mulá quando se vai caçar – gritou para seus guardas. Não deixem que ele me olhe, batam nele para que saia do meu caminho!

A ordem foi cumprida. A caça, porém, foi um sucesso.

O rei mandou buscar Nasrudin.

– Sinto muito, mulá. Pensei que era mau presságio, mas comprovei que não é bem assim.

– Vossa Majestade pensou que eu era um mau presságio! – disse Nasrudin – Olha-me e tem boa sorte. Eu o olho e levo uma surra. Quem é mau presságio para quem?

A pomba

Eu estava cansado e fui pro quintal. Sentei no banco e fiquei olhando a árvore e o jardim. Olhei para o paredão do vizinho, tinha uma pomba lá em cima, me olhando, não devia ser uma pomba normal, como as outras, devia ser uma pomba bruxa. Ela me olhava curiosa, encarava, parecia que olhava dentro da minha cabeça. Achei educado cumprimentar, ela respondeu com uma ligeira inclinação da cabeça, depois girou o pescoço, passando a me encarar com o outro olho (porque pombas encaram com um olho de cada vez).

Se eu fechasse o olho e tentasse recriar a imagem só mentalmente ela aparecia gigante, e eu imaginei isso, ela deu uns pulinhos na minha direção, deve ter achado graça quando viu dentro da minha cabeça. Achei que o episódio tinha ido longe demais, mas criei simpatia por ela, então tomei uns grãos e joguei no chão, enquanto ela continuava me encarando, imaginei que era um presente para ela e voltei para dentro de casa.

Se era mesmo uma pomba bruxa lendo meus pensamentos ela ganhou um presente, se não era não entendeu lhufas, mas pomba normais não entendem lhufas de qualquer forma, então não tenho porque me preocupar.



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13
Dec
2010

Daniel E.

“Meu distúrbio, não diagnosticado pelos mais renomados especialistas, não aceito pelos filósofos e religiosos, torna insuportável a minha vida. Todos à minha volta temem a morte, eu temo o nascimento. Devo explicar a minha situação, porque não tenho amigos que saibam dela e pretendo terminar a minha vida de uma forma que me seja familiar […]

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Trançados