Oct
2010
Soneto “Por almas de amantes devorar”
Por almas de amantes devorar,
em meu coração se fez a negrura:
só o que sinto é colossal amargura,
pois seus desejos posso antecipar.
Meu peito, não mais firme, vai e procura
o vÃcio e a langue fome suplantar:
rastreou teu pulsante bezoar,
do veneno amargo a última cura.
Meu coração velou-se de carmim,
sem saber se fora abendiçoado,
se fora cabalmente derrotado.
Implodiu e floresceu de novo em mim,
perfumou-se, qual zeloso jasmim:
o voraz deseja ser devorado.
Discussão
Wagner diz:
03 Oct 2010 às 21:09Estou cada vez mais impressionado contigo. Eu ainda não sei contar direito as sÃlabas poéticas. Fazer algo desta magnitude seria pra mim os 12 trabalhos de Hércules! Abraços!
Thiago Machado diz:
07 Oct 2010 às 12:27Tu não sabes como ler esse tipo de soneto me deixa feliz e, ao mesmo tempo, esperaçoso por ler arte de verdade.
Pareceu-me uma mistura de Augusto dos Anjos e teu próprio caráter como escritor. Excelsa mesclagem!
Abraços!