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09
Dec
2010

Ladrilho

Cada amor que sentia lhe custava parte da alma. Cada carinho que oferecia deixava ali parte de si. Pena para ele que nutria apreço não apenas por humanos. Viajava, pelos lugares se apaixonava; dançava, pela música se afeiçoava; sentia um perfume, por ele se doía. E tanto se deixou, se partiu, que se quebrou: em cacos, fragmentos minúsculos, para que mais amasse. Ao vento amou, ao sol, à lua. Sentiu saudade das estrelas. Espatifou-se pelas pessoas que conheceu. Pedaço a pedaço, caco a caco, aqui e ali, antes e depois, agora e não mais. Sobrava-lhe sempre algo mais a dar: meia-vida de coração inteiro. Quanto mais se lascava, mais polido ficava; quanto mais partido, mais definido. Deu-se, que de tanto doar, tinha embaixadores de si a todo canto, misturara-se ao vento e à terra; já não era mais nada, mas tudo tinha dele um pouco.

Discussão

Thiago Machado diz:

Vi meu desejo de ser Deus neste texto 🙂



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13
Dec
2010

Daniel E.

“Meu distúrbio, não diagnosticado pelos mais renomados especialistas, não aceito pelos filósofos e religiosos, torna insuportável a minha vida. Todos à minha volta temem a morte, eu temo o nascimento. Devo explicar a minha situação, porque não tenho amigos que saibam dela e pretendo terminar a minha vida de uma forma que me seja familiar […]

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