Jan
2008
Edda em Prosa – Prefácio
No tempo sem tempo do inconsciente coletivo, povoado por deuses e deusas, o traçado do destino humano é determinado, não como um enredo inexorável, mas como um mapeamento de possibilidades dÃspares, um universo de aventuras que se entrecruzam, moldando comportamentos, delineando caminhos, desvendando segredos tecendo, acima de tudo, a riquÃssima linguagem dos mitos. Pela primeira vez no Brasil, o tesouro nórdico das narrativas que sempre nos chegaram fragmentadas, através das histórias em quadrinhos da nossa infância, dos desenhos animados da TV, ou das referências, à s vezes, distorcidas ou confusas, registradas em livros que tratam do assunto sem a adequada citação das fontes.
Edda em Prosa elucida muitas das dúvidas suscitadas pelo desconhecimento da tradição que nos fala de Odin, Thor, Freya e Loki, das valquÃrias, das runas e do Valhalla, um encantamento que repercute através da música de Wagner, uma magia que transcende um povo, uma geografia, ou uma religião especÃfica, impregnando de fascÃnio a fantasia das pessoas que não sabem por que tanto costumam se encantar diante dessa trama e desses personagens, com os quais se identificam, vivendo suas paixões, desafios, vitórias e derrotas, sob a pele aparentemente prosaica do cotidiano. Sim, porque na Edda em Prosa, os deuses morrem, da mesma forma que os homens, caracterÃstica que influenciou, entre outras, a obra filosófica de Schoppenhauer e de Nietzsche, fato que, por outro lado, a diferencia de outras mitologias.
Rastreando sob uma simbologia que não lhe é tão familiar quanto a da mitologia greco-latina, embora sejam, ambas, ramificações do mesmo tronco, o leitor encontrará nesta leitura empolgante a motivação que o levará à pesquisa em busca da sua própria épica, os “comos†e os “porquês†que orientam um pouco de sua história particular, dimensionada sob as perspectivas da história do Homem, o mais irresistÃvel de todos os textos jamais escritos, porque, nela, o real, o imaginário e o simbólico são apenas os nomes diferenciados de uma mesma vivência, uma e indissolúvel. Edda em Prosa, em sua envolvente e dinâmica tessitura lendária, faz do leitor o que ele sempre foi sem o saber: personagem e narrador de si mesmo.
Conceição Couto Netto
A editora fechou e não se encontra mais o livro em lugar nenhum… O tradutor é Marcelo Magalhães Lima, a editora era Numen e ano 1993.